terça-feira, 24 de agosto de 2010

joanna Marins: a bola está com os homens da lei
Soares Júnior | Soares Júnior | 16/08/2010 22h52

Olho para a minha filha enquanto ela dorme. Em muitas oportunidades ela esta com um sorriso no rosto. Pode parecer estereotipado, mas acho que consigo imaginar o que provoca aquela expressão. deve esta sonhado com uma boneca ou com um vestido rosa de princesa.

Não sei quando os objetos destes sonhos vão se transformar, mas espero que essa transformação ocorra com sabor de descoberta e de aventura.

Joanna Marins não terá essa oportunidade. Lembro da história que ouvi da ocasião de sua despedida de Cristiane Marcenal. Na ocasião, a filha disse que a mãe a partir dali só teria duas filhas. Um grande amigo disse-me uma vez que filhos são flechas que lançamos no mundo. Acho que Joanna não chegou a ser lançada. No campo das metáforas talvez a melhor imagem fosse de um cometa. Rápido e belo.

Vamos aos fatos que a polícia deve buscar respostas. A menina tinha sinais de maus tratos, de acordo com os investigadores. Além disso, foi atendida por um falso médico num hospital particular na Barra da Tijuca. O assunto deve ser esgotado. Não pode cair no esquecimento. O drama dos dias de luta pela vida no CTI do hospital acabou da forma que mais se temia, porém esta era a mais provável.

Pelos comentários deixados em textos anteriores, os lados envolvidos lançaram-se em trocas de acusações, mas este escriba vai se ater aos fatos. O primeiro, eu vi o documento da 5ª Vara de Família da Comarca de Nova Iguaçu. No laudo assinado por Cristina Segheto Rodrigues, responsável pelo expediente naquela data, Joanna aparentava estar bem cuidada e trouxera seus pertences pessoais. Além disso, segundo a polícia, os sinais de maus tratos datam de um período de 40 dias, período em que a menina estava sob a guarda de André Marins. Não são declarações tendenciosas, como andaram comentando por aqui, são informações da polícia. Repito, o bastão está com os "homens da lei". Eles devem esclarecer o que houve.

A pior batalha já foi perdida, Joanna não estará fisicamente com a família no dia 20 de outubro, dia que completaria 6 anos. Ela será apenas uma bela, porém dolorida lembrança. Em vez de sonhar, ela agora será objetos dos sonhos.

Lembro que a primeira vez que chorei numa matéria foi vendo duas crianças sendo retiradas sem vida dos escombros de um desabamento. Aquela imagem me assombra, por antinatural. O ciclo da vida deve ser os filhos enterrando os pais, não os olhos maternos inundados pela imagem do seu anjo se despedindo para sempre.

O texto é melancólico porque não há poesia, humor, graça ou beleza na morte de uma criança. Existe apenas luto na alma.l

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